Cibersegurança: era Trump 2.0

Análise publicada no Jornal Público do dia 16 de Janeiro de 2017

As recentes eleições norte-americanas significam a abertura de uma nova era na procura do reequilíbrio mundial, sobretudo nas relações triangulares entre os Estados Unidos da América, a Rússia e a República Popular da China face ao enfraquecimento da União Europeia, onde se assiste à reconfiguração da política externa na identificação de novas áreas pivots. Recorde-se que no caso da Rússia, o seu Presidente, Vladimir Putin, a 30 de Novembro de 2016, assinou o novo Conceito de Política Externa, de onde sobressai o Médio Oriente e a Ásia, a cooperação com os Estados Unidos e a manutenção das relações económicas com a União Europeia.

Estas eleições evidenciam o valor singular do ciberespaço, da informação imediata, da comunicação social e das redes sociais que pela primeira vez geraram um sentimento de acompanhamento global e instantâneo. A escolha de Donald Trump para líder da maior potência mundial incitou a uma onda de protestos sem paralelo na história eleitoral norte-americana, por um lado, devido à sua personalidade, homem de negócios, de poder, pragmático, partidário da Realpolitik, conservador por excelência e, por outro lado, devido à forma desprendida de se dirigir. Expõe uma imagem de anti-sistema cujo objectivo consiste em apagar as opções políticas concretizadas ou não dos seus antecessores, bem como no plano externo reavaliar o papel da NATO.

Por Marco António Baptista Martins

Professor de Relações Internacionais 

Departamento de Economia

Universidade de Évora

 

 

Publicado em 16.01.2017